terça-feira, 2 de junho de 2020

O mundo precisou parar ...

O mundo parou, 
e antes disso 
a gente nem entendia mais
a importância do afeto.
A gente não dava valor
ao "ficar perto".
O mundo deu uma pausa,
tudo silenciou,
a gente não mais se viu,
nem se abraçou.

Matei a saudade
olhando da janela.
As três primeiras semanas
o sol tinha um formato quadriculado.
Era apenas eu e as paredes do meu quarto.

O céu chovia sem parar, 
da varanda eu podia ouvir
o trovão gritar.
Na verdade não era chuva, 
era choro.

O mundo silenciou, 
só assim a  gente valorizou
de verdade o amor.
Talvez o maior medo
não fosse morrer por causa do vírus,
e sim por causa da saudade.
Estamos presos na mesma cidade, 
mas sem liberdade.

Agora faz falta o abraço, 
o contato, 
faz falta reclamar das horas, 
do trânsito,
enquanto a gente estava na estrada.

E quanto tudo isso acabar, 
será que a gente ainda vai 
lembrar de se amar?

é que a vida é tão breve,
tão inconstante, 
somos instantes...

...nada será como antes.   
Tem dias onde meu riso faz sol,
mas meu coração é só,
e isso me faz chover pelos olhos.

Tem dias onde sou
o sorriso que não faz sol, 
então descubro que não é mais verão,
e cai neve no meu coração.

Tem dias que sou tua, 
é sol, 
e só na minha imaginação.

Tem dias que sou minha,
sou sozinha, 
e minha melhor companhia.

Tem dias que não quero sol, 
não quero inverno e nem verão.

Ai, sou pura bagunça e confusão,
penso demais e descubro que nesse dia
sou de outra estação.

Do nada sou jardim, 
me plantam flor
e colho amor.
Do nada não quero mais ser jardim, 
começo a chorar,
transbordar, 
e logo viro mar.

Confundo todo caos com o amar.

Tem dias que sou assim, 
e a quarentena me faz experimentar
mil versões de mim.

Tem dias onde surto, 
piso fundo, 
furo o meu barco e afundo.

Acho que é o meu fim, 
e quando chego no fundo, 
eu volto nadando outra vez para a superfície.

Tem dias que me confundo, 
nem sei que dia é hoje, 
que hora é essa, 
e nem o que é esse mundo.
Só sei que agora é noite,
pois lá fora não faz sol.

No momento não estou com esse riso da foto.
Só estou me sentindo só.

Amanhã é outro dia igual!
Por enquanto eu respiro fundo, 
mesmo com medo disso tudo.



E como dói...

E dói mais ainda não ter data pra matar essa saudade
não ter data pra te ver
não ter data pra te abraçar...