sexta-feira, 20 de junho de 2008

Dores do amor romantico

Ninguém quer confissões aqui.
E nem é, sabe?
E nem é importante...
Só um pouco...
Um pouquinho.
Como se ela tomasse um copo de uísque, fumasse um Marlboro e mandasse uns três tomarem no cu.
É mais ou menos isso...
Isso aqui.
Que não pretende ser confissão nem lembrança.
Nem emocionante, nem inteligente.
Nem valerá a página que será impressa.
Quantos dias perdi você olhando para mim dentro do seu corpo.
Enfiando-me em ti e tu em mim para revogar a dor de sermos dois.
E dois sempre tão longe.
Quanto de toda essa soma delirante tornou a perda inexorável?
Quero pedir desculpas por ser trovadora.
Quero apagar os versos que aludiam a um Deus como meu desejo projetivo.
Quero ser mulher.
Não na sublime ilusão que dura o encontro espumante.
E não quero mais o que não posso ter.
Assim estamos livres para sermos um.
Só isso.
Comuns são os casais.
Nós não somos nada.
O problema é que quero muitas coisas simples.
Então pareço exigente.
Não posso fazer nada.
Então choro, oro, te esporro com mil xingamentos.
Você pode se divertir, você pode ter pena de mim.
Não queridinho, não irei me matar feito uma discípula cega de uma religião apocalíptica.
Vou assumir o meu ódio, vou rir do meu ódio.
Vou sobreviver ao meu ódio.
Mesmo sabendo que estou razoavelmente sã e humanamente perdoada.
Cuspo na cara de quem finge não me ver.
E não quero mais me explicar.
Entender é trancar-se dentro da palavra.
Quem não sabe, quem não sabe, quem não quer saber de nada... gruda a língua ao céu da boca, não escuta e finge que não vê.
Entender é um outro nível da ignorância.
Bastaria um toque se fossemos livres,
Não é preciso nenhum livro para quem pode não ler.
Se quisermos amiga, não entendemos nada.
Tem quem prefira os beijos às palavras,
Tem quem não viva sem um of dizendo não o tempo todo,
Tem gente de tudo o que é tipo.
Só não devemos viver sem um sentido, a realidade, o objeto, o eu e o você.
Somos infelizes,jamais sobreviveríamos a liberdade de leves e inconsequêntes ações.
Vamos...
Vamos logo subir essa escada que leva o amor ao último andar.
Estamos descalços e o mármore gela os nossos pés,
Sobe pelo corpo o tremor do castelo que desmorona.
Então vamos.
Segura firme no corrimão.
Respire fundo.
Subir tão alto dá vertigem e olhar para trás deixaria-nos cegos.
Os erros são medusas intransigentes.
Arrancam as nossas lembranças boas e tatuam os desaforos e mágoas.
Por isso marche.
Ainda estou contigo.
Para ir até o fim da paixão deve-se estar acompanhado,
Sinta o meu perfume enquanto o tempo sopra esse bafo de mudança.
Se quiser, dou-lhe o braço,entraremos no salão da grande dança,
A quadrilha dos desafortunados só começa quando um poeta recita a dor de um adeus.
Pronto.
Mais alguns passos e poderemos nos soltar no espaço: livres, serenos e tristes.
Vamos logo,não há mesmo como evitar a covardia,não há coragem para se ir até o fundo.
É isso meu amor.
Agora só mais um degrau e você estará de novo em paz com seu coração vazio.
Por isso vamos.
O nada não espira, não treme os sexos, não dá calafrios, nem ciumes, não cria o ódio, não teme o abandono.
Ali você poderá descansar sem culpa, remorsos, sonhos estúpidos.
Amar proibido é muito, causa tanto estrago.
E por isso, por tudo isso, vamos.
No final, devo pedir perdão por tê-lo tocado.
Agora pode largar minha mão.
Pode partir.
Lembre-se ou esqueça-se de mim.
Coração quebrado tem cura.
A paz de não precisar mais aguardar a perfeição que não existe.
Não estou mais aguentando.
A ansiedade, não mais aquela por bombons poderá me estourar as veias.
E o pior momento esse, meio excitado, meio cansado,
Quando eu espero que campainhas toquem anunciando mudanças,
E elas tocam, mas é somente um rapaz que me diz sobre uma encomenda, um engano, ou uma ligação familiar,
Nada de mudanças.
As mudanças, minha cara, só nas cores do cabelo, nas roupas e nos dias da regra mensal.
Não, não queiram que eu acredite que tudo o que vivo será eterno, igualmente bom para o resto dos meus dias.
Não posso viver com o igual,
Não posso sobreviver ao certo,
Não quero morrer com certezas.
Então, vá se fuder e estrague logo esse lindo receio
Da confusão o estresse,
Do medo, a apatia,
Das impulsivas atitudes, mágoas,
Escuto músicas à alturas,
Quero somente amortecer os erros e mudar de idéia.
Quem sabe o por quê do que?
O que você está falando, mulher?
Nada... Nada... É só a vida enchendo o saco com surpresas,
Queria ser dos século dezessete,
Arfar o peito e ajoelhar num confessionário de madeira de lei, e eu não entendo porra nenhuma de madeira,
Entendo de culpas.
Mas é negra a solidão de quem escreve.
Na casa de meus avós tinha móveis negros.
Não tenho mais ninguém para mexer gavetas,
Nem tomar coca-cola pequena no gargalo...
(Fernanda Young)

domingo, 15 de junho de 2008


" Para não sofrer eu vou me drogar de outros, eu vou me entupir de elogios, eu vou cheirar outras intenções. Vou encher minha cara de máscaras para não ser meu lado romântico que tanto precisa de um espaço para existir ridiculamente."
Não que seja fácil falar de amor. Menos ainda, que eu não me sinta com o coração esmagado a cada vez que constato, e aumento minha certeza, de que o amor - aquele, de verdade - não existe.Sinto como se não conseguisse amar porque você foi embora. Acabo esquecendo de me questionar se realmente te amei enquanto você estava aqui. Me pego, tonta, num canto da sala. E saio correndo do seu fantasma invisível. Me vejo louca, me acabando em festas. E limpo a maquiagem borrada de quem já não tem mais aparência. Me julgo, estúpida, pelas atitudes que tenho. E simplesmente não as consigo mudar.Me sinto, suja por dentro. E sei que foi você que jogou esse lixo todo em mim.Se amor existisse, não deveria ter fim. Se amor não existisse, eu não choraria a sua partida. Aliás, nem sei ao certo o que choro. Afinal, você nunca foi meu, de fato.Acho que, eu choro a dor da perda, a dor da conquista. Choro a vida que se negou, maius uma vez, em me fazer feliz. Choro a mim, choro a você. Choro porque meu coração esmorece a cada nova estilingada que o cupido lança em minha direção.Agora pelo que eu não choro... ah, isso eu sei. Não choro por você ter ido embora, por ter roubado a minha pureza pra sempre, por ter cegado meus olhos, por ter destruido a minha fé, e nem tampouco por não me querer de volta.Choro, finalmente entendi, porque mesmo não acreditando no amor, ainda sinto que não amo alguém tão especial como eu, para amar, no lugar, um babaca tão egoísta como você.

Dando murros em ponta de faca...


Sim, eu sei que persistir em erros só me dá uma alternativa de consequência: me ferrar mais uma exausta vez. Acontece, que mesmo que eu não corra atrás dos erros, como costumava fazer antes, esses erros não somem simplesmente da minha vida como que num passe de mágica.Acordo cedo e o dia passa se arrastando preguiçosamente.
Por mais que eu não queira admitir, vou acabar pensando nele em algum momento da monotonia que a minha vida se tornou. Vida errante, vida fatigada de errar tanto. Engraçado como uma pessoa que, aparentemente não teria nada que me apeteceria em potencial, pode ter causado tanto estrago.
Ele é idiota, mimado, fútil, egoísta, egocêntrico, aculturado e monossilábico... e mesmo assim as monossílabas que ele grune ainda me fazem chorar.Mil casos paralelos acontecem, mas no final é nele que eu penso. Mil pessoas entrando em cena e simplesmente, não conseguido sair do papel de coadjuvante.
Ele é burro, preconceituoso, seco, frio e distante. Mas ainda assim é dos beijos dele que eu lembro quando estou carente. Mil coisas foram ditas, das mais sinceras às mais ofensivas. Ele pôs em questão minha índole, duvidou de mim e nem por isso consegui tirar ele da droga dos meus pensamentos.Estou quieta no meu canto: semblante pálido de quem já não tem forças para amar. Mãos atadas, pensamentos confusos, coração partido. Se ele só me fez sofrer, se não temos nada a ver um com o outro, se as atitudes dele me irritam, se meu mundo não é o dele, se ele não me considera despojada o suficiente, se eu acho a vida dele fácil demais, se ele acha que a minha é muito regrada...
Como posso não parar de pensar nele um segundo sequer?
Como esse sentimento que sinto por um alguém tão vazio, pode me encher tanto de sensações e perguntas?
Quem nunca amou um idiota que jogue logo um pedregulho. Pedregulho porque a dor vai ser muito grande e quem sabe eu esqueça do sangue em minhas mãos por estar a tanto tempo esmurrando a mesma faca enferrujada.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Aos que não nos enxergam...

Oi, eu estou bem aqui na sua frente, mas você insiste em não me ver. Tudo bem, opção sua, cada um enxerga o que quer. O problema é quando você, sem ter idéia de como sou, resolve dar a sua visão sobre mim. Talvez você não se enxergue também, antes de mais nada – e assim me tire por parecida contigo. Errando completamente. Para começar, eu faço questão de ver as pessoas ao meu redor, e isso faz toda a diferença do mundo. Percebo que todos têm algo de especial, estando aí a graça. Percebo belezas que não são minhas, estando aí o prazer.
Percebo inclusive você, parado bem na minha frente, desviando seu olhar para lá e para cá, nervoso com a minha presença, estando aí o ridículo.
Veja bem, não há o que temer em mim. Não quero nada que seja seu. E não sou nada que você também não seja, pelo menos um pouquinho.
Você não precisa gostar de mim para me enxergar, mas precisa me enxergar para não gostar de mim. Ou gostar, e talvez seja exatamente isso que você tema. Embora isso não faça sentido, já que a vida é bela, justamente, quando estamos diante daquilo que gostamos, certo?
Não vou dizer que não me irrita essa sua cegueira específica com relação a mim, pois faço de tudo para ser entendida. Por todos. Sempre esforço-me ao máximo para que isso ocorra, aliás; então, a sua total ignorância a meu respeito, após todo esse tempo, nós dois tão perto, mexe, sim, levemente, com a minha paciência.
Se for essa a sua intenção, porém, mexer com a minha paciência, aviso que anda perdendo sua energia em besteira, pois um mosquito zumbindo em meu ouvido tem um efeito semelhante. E, se me dou ao trabalho de escrever esta carta para você, é porque sei que você também não será capaz de enxergar o que há nela.
Explicando melhor: preferiria que você me esquecesse, mas até para poder esquecer você vai ter que me enxergar. Enquanto não me olhar de frente, ao menos uma vez, ao menos por um segundo, vai continuar assim, para sempre, fugindo sistematicamente da minha imagem – um escravo de mim, em fuga constante, portanto.
Pode abrir os olhos, vai ver que não sou um bicho-de-sete-cabeças. Sou bem diferente de você, como já disse, mas isso é ótimo. Sou melhor que você em algumas coisas, pior que você em outras – acontece. No que eu for pior, pode virar para outro lado; no que eu for melhor, cogite me admirar. “Olhos nos olhos, quero ver o que você faz...”* Sempre quis cantar isso para alguém. “Olhos nos olhos, quero ver o que você diz...”*
Pronto, um sonho realizado. Já estou lucrando com a nossa relação, só falta você. Basta ver o que eu posso lhe mostrar e enxergar o que eu posso ser para você.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

50 receitas

(Frejat/Leoni)
Eu respiro tentando encher os pulmões de vida
Mas ainda é difícil deixar qualquer luz entrar
Ainda sinto por dentro toda a dor dessa ferida
Mas o pior é pensar que isso um dia vai cicatrizar
Eu queria manter cada corte em carne viva
A minha dor em eterna exposição
E sair nos jornais e na televisão
Só pra te enlouquecer
Até você me pedir perdão
Eu já ouvi 50 receitas pra te esquecer
Que só me lembram que nada vai resolver
Porque tudo, tudo me traz você
E eu já não tenho pra onde correr
O que me dá raiva não é o que você fez de errado
Nem seus muitos defeitos
Nem você ter me deixado
Nem seu jeito fútil de falar da vida alheia
Nem o que eu não vivi aprisionado em sua teia
O que me dá raiva são as flores e os dias de Sol
São os seus beijos e o que eu tinha sonhado pra nós
São seus olhos e mãos e seu abraços protetor
É o que vai me faltar
O que fazer do meu amor?
Eu já ouvi 50 receitas pra te esquecer
Que só me lembram que nada vai resolver
Porque tudo, tudo me traz você
E eu já não tenho pra onde correr
Mas qualquer coisa que eu diga vai ser mesmo qualquer coisa que eu disse.
As palavras são curtas e não alcançam lá no fundo, onde dói escondido quando o mundo dormiu e não há nenhum olho aberto pra enxergar.
Ninguém te vê. As palavras não adormecem com o mundo porque já nascem sem som. E não adianta, menina, e você sabe.
Qualquer lágrima que os seus olhos chorem vão ser mesmo qualquer lágrima chorada e ninguém desse mundo vai parar a sua correria pra acariciar o seu rosto.
A resposta está em fechar os olhos e não ouvir nada, ignorar as palavras, porque elas enganam a gente e a felicidade - quando chega - é tão precisa que emudece.
Eu ainda acredito que ela vá chegar assim, sem muito barulho.

Não para nunca...



E se a lua se puser bem ali, na minha frente fazendo graça porque, mais uma vez, o pôr-do-sol vai ser solitário? Na verdade não importa muito e eu relevo porque eu sei que não fossem todas as noites longe, eu mal saberia aproveitar os dias tão cheios de você.
Ela escreveu uma carta de amor e ficou ansiosa pela resposta dele.
Ele sorriu, coçou a cabeça, não soube o que falar.
Ela, então, insistiu e pediu que suas palavras não ficassem assim, sem resposta.
E ele respondeu: É triste. você está me abandonando.
Então ele parou de sorrir e ela parou de escrever.
Nem todas as cartas de amor falam de encontros, e talvez ele estivesse certo.