terça-feira, 26 de junho de 2012

 (Foto de arquivo pessoal, não permito cópia)


"Eu não sabia como ia ser quando arrisquei o primeiro passo. Eu tinha alguma cautela ainda e a minha dança era meio livre e desengonçada. Mas eu faço bonito sozinha, moço. Mas daí você me roubou da minha dança calma e sem pressa para me mostrar o seu mundo.
Você me conduzia bem, moço. De um jeito igualzinho ao meu jeito desengonçado e gracioso... e a cada rodopio, eu corava. Corava porque você me encarava e me desnudava de uma forma que eu nunca senti antes. Corava porque você me invadia sem chegar perto demais e ainda assim me conduzia. Quis gritar o seu nome para quebrar aquele silêncio constrangedor entre um rodopio e outro. Quis me lançar no ar para você me segurar e dizer que estaria ali para qualquer coisa de agora em diante. Mas a música parou. E você me deu um beijo.
Será que a sorte virá num passo de dança, meu amor? Dava pra sentir a sincronia dos nossos corpos. Sem ensaio nenhum e só guiada pelos seus olhos, eu pairava pelos 360 graus daquele lugar.
Essa dança nova, sem ensaio e sem passo marcado, eu só sei dançar com você. Essa nossa coreografia ritmada, sem pé nem cabeça que começou de um beijo musicado é a gente quem faz.
O problema é que eu vim de longe, rapaz. E te guardar comigo faria a nossa dança parar. Por isso mesmo é que eu esperei até o fim da música para soltar a tua mão e guardar aquela melodia para sempre.
Olha só, moço. Você é o meu amor de distância. O meu amor que mora longe e que ainda me conduz desde a primeira vez, então. Porque eu guardei um pouco de você numa caixinha e basta dar corda para nossa melodia tocar... e você sempre sai com um sorriso e com os braços estendidos para me levar. Daí eu te abraço e rodopio pelo quarto fazendo cada passo parecer o com o seu. É a minha forma de matar as saudades quando dá, amor. É a minha forma de manter sempre em movimento a dança que eu só sei dançar com você."



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