segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Mãe. 1 mês sem você...

É difícil de acreditar. É que as imagens tão nítidas espalhadas pela casa seguram a ficha que não cai. E eu fico achando que vou te contar sobre meu dia. Sobre minhas viagens. Meu trabalho. Sobre minhas coisas. Fico esperando a senhora chegar pra dizer que senti tanta saudade...Fico tentando te ver pelos cantos, e experimento refazer os passos que fazias ao entrar no meu quarto, e repetir os gestos que fazias ao me contar sobre a vida. De tudo eu só queria que soubesses que me espelho em ti, e mascaro minha fraqueza com medo de que a senhora chegue e fique triste comigo.
Não mainha, eu não sou tão forte assim. Desde que a senhora se foi pareço cada dia mais frágil. Cada dia com mais medo. Cada dia menos eu. É que me falta a parte mais bela, a parte mais cheia de graça, a parte mais cheia de mim. Fico querendo segurar tua mão e cariciar teus cabelos. Fico querendo que a senhora escute meus lamentos e me coloque no colo. Mas fico aqui sonhando com teu cheiro e com tua risada mais doce...
E já não tenho teu brilho. Nem tua palavra. E sinto falta do teu olhar no meu. Da testa enrugada pra me alertar dos perigos. Do sorriso fácil pra enfeitar o meu dia. Das tuas mãos cheias de bênçãos, da tua voz cheia de amor.
Sinto falta da atenção e dos teus caprichos com minhas vontades. Da confiança que tinhas em mim, e que fazia tanta diferença.  Sinto falta da sua fé de cada dia, de todo dia.
Perdi as contas de quantas vezes tento te escrever e me perco com as palavras. De todas, me encontro com a saudade mais perto ainda, agarrada em mim. E perdi as contas de quantas vezes olho pra cozinha tentando te achar. E nunca nem me atrevi a contar as vezes que chego em casa e espero que a senhora abra a porta. Agora é tudo vazio. É tudo tão frio.
Dói. Dói. Uns dias mais que outros. Mas sempre dói.
Está sendo tudo muito difícil. E talvez seja mais difícil ainda daqui pra frente.



Hoje faz um mês que você partiu...

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