As paredes do meu quarto nada me dizem,
apenas me separam do mundo, de outro mundo menos cruel.
Por isso quero sair, fugir, eivar ...
buscar em algum lugar o meu Eu que a muito tempo se perdeu em alguma noite de desilusão e angústia.
Mas essa liberdade eu talvez não consiga, pode quebrar minha sensibilidade.
Tento uma forma de agir, viver, como os pássaros que lá fora vejo, livres a voar, felizes, talvez.
Faço de meu caderno um deserto, de meu travesseiro uma busca, incansável, pelas entranhas da vida.
Vejo no fundo profundo de um lago a minha esperança.
Eu não tenho um sonho a me esperar...
Mergulho nessa loucura imbecil, não consigo alcançá-la neste universo, de águas claras, límpidas, azuis, já não consigo respirar e nada a minha volta percebe.
Quero gritar, estou inerte, penso ser um sonho, uma ilusão.
Continuo sufocada, nada me resgata.
Meu coração dispara e meus olhos nada mais vêem.
Sinto estar morrendo um sonho dentro de mim, talvez, um sonho morrendo comigo, de tristeza e solidão...