terça-feira, 3 de novembro de 2015

As paredes do meu quarto nada me dizem,
apenas me separam do mundo, de outro mundo menos cruel.
Por isso quero sair, fugir, eivar ... 
buscar em algum lugar o meu Eu que a muito tempo se perdeu em alguma noite de desilusão e angústia.
Mas essa liberdade eu talvez não consiga, pode quebrar minha sensibilidade.
Tento uma forma de agir, viver, como os pássaros que lá fora vejo, livres a voar, felizes, talvez.
Faço de meu caderno um deserto, de meu travesseiro uma busca, incansável, pelas entranhas da vida.
Vejo no fundo profundo de um lago a minha esperança.
Eu não tenho um sonho a me esperar...
Mergulho nessa loucura imbecil, não consigo alcançá-la neste universo, de águas claras, límpidas, azuis, já não consigo respirar e nada a minha volta percebe.
Quero gritar, estou inerte, penso ser um sonho, uma ilusão.
Continuo sufocada, nada me resgata.
Meu coração dispara e meus olhos nada mais vêem.
Sinto estar morrendo um sonho dentro de mim, talvez, um sonho morrendo comigo, de tristeza e solidão...

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Quando pequena eu não entendia que as pessoas repetissem incessantemente que queriam paz. Sempre achei "paz" uma coisa chata pra caralho.

Acho que sempre confundi paz com pasmaceira. Hoje tudo que quero é que essa palavrinha com 3 letras pouse sobre meu ombro.

Nasci com um sentimento de urgência que rende cicatrizes e estômago embrulhado. Nasci com pressa.

Deixo de ler bons livros pelo desespero de terminá-los logo. Abro mão de seriados porque me mata esperar o próximo episódio.

Vivo buscando algo que mate minha ansiedade.

domingo, 28 de junho de 2015


Uma estrela cadente cortou o céu, embora fosse dia. Em dez segundos eu disse: Eis o cara que vai mastigar a minha alma.
Uma menina de 17 anos gritava dentro do meu peito, correndo entre as artérias com uma rede de caçar borboletas. As borboletas tinham pernas e também corriam e eu sentia que aqui dentro agora havia você.
A menina, as borboletas, meu sangue ... tudo corria na sua direção, embora eu estivesse parada.
Tudo isso num piscar de olhos, na primeira vez que te vi.
O som das pessoas em volta ficou baixinho.
Meu coração não batia freneticamente como esperava que fosse acontecer. Não. Ele parou. Ficou paradinho enquanto menina e borboletas buscavam desenfreadamente por você.
Aí você se aproximou, beijou minha testa e me deu uma garrafinha de água. 
E eu nunca te contei que nos dez primeiros segundos eu já era mais sua do que jamais fui minha.